2006/05/31

história de encantar para daqui a 50 anos

Há bués da times, havia uma garina cujo cota já tinha esticado o pernil e que vivia com a chunga da madrasta e as melgas das filhas dela. A Cinderela, Cindy p'ós amigos, parecia que vivia na prisa, sem tempo para sequer enviar uns mails.

Com este desatino todo, só lhe apetecia dar de frosques, porque a madrasta fazia-lhe bué da cenas. É então que a Cindy fica a saber da alta desbunda que ía acontecer:

Uma party!!!

A gaja curtiu tótil a ideia, mas as outras chavalas cortaram-lhe as bases. Ela ficou completamente passadunte, mas depois de andar à toa durante um coché, apareceu-lhe uma fada baril que lhe abichou uma farda baita bacana, ela ficou a parecer uma g'anda febra.

Só que ela só se podia afiambrar da cena até ao bater das 12.
A tipa mordeu o esquema e foi para a borga sempre a abrir.
Ao entrar na party topou um mano cheio da papel, que era bom comó milho e que também a galou.

Aí, a Cindy passou-se dos carretos, desbundaram "ól naite long" até que, ao ouvir as 12 ela teve de se axandrar e bazou. O mitra ficou completamente abardinado quando ela deu de fuga e foi atrás dela, mas só encontrou pelo caminho o chanato da dama.

No dia seguinte, com uma alta fezada, meteu-se nos calcantes e foi à procura de um chispe que entrasse no chanato.

Como era um alta cromo, teve uma vaca descomunal e encontrou a maluca, para grande desatino das outras fatelas que ficaram anhar.

FIM

crónica de um portugal demasiado profundo

20 de Maio de 2006, todo o santo dia!

Capítulo I - A BANHADA
Podia ter-me dado para pior... mas o certo é que me levantei cedo no sábado, fresca e bem disposta, para ir para a bandeira mais bela do mundo.

Às 10h da manhã já estava em Lisboa para me encontrar com a minha amiga Sandra. Fomos para Entrecampos apanhar o autocarro para o Estádio mas autocarros, nem vê-los! Primeira asneira.

Perguntamos a dois GNRs (um segurava nos cavalos e o outro enfiava uma cervejola pela goela abaixo) e mandaram-nos para o Campo Grande. Metemo-nos no metro. Segunda asneira: lá em baixo estava uma multidão de estudantes a berrar RFI e aos hurras, pulos e encontrões e quase que andámos pelo ar... Por pouco não fomos arrastadas para a benção das fitas. Fizémo-nos de pequeninas, encolhemo-nos e lá conseguimos chegar ao Campo Grande, já fartas do banho de multidão, mas ainda sem saber o que nos esperava depois...

Capítulo II - A PEIXEIRADA
Ai que bela bicha nos esperava ! (sim, bicha, que eu falo português). Tinha aí uns 200 metros de comprimento e dois de largura.. Os autocarros lá iam arrancando com o mulherio e uns tantos homens "a tomar conta" mas perto da nossa vez, deixou de haver transporte.
Esperámos pacientemente ao sol e lá fomos metendo conversa umas com as outras, para passar o tempo. Conhecemos duas raparigas que tinham vindo de Peniche, aí com um metro e setenta cada uma (isto é importante, como verão depois).
Passado um bocado, começaram a chegar os vendedores ambulantes, que nos massacraram durante uma hora com:
- “olhó apito", - "olha a capa pró telemóvel",- "vá lá filhas, só 1€, tá a acabar!".

Ninguém comprava nada. Então passaram a andar para cima e para baixo, só para fazer olho gordo ao mulherio e dizer umas parvalheiras, até que uma velha os enxotou com uns berros e a ameaça de uma mala nas trombas.

Acalmaram-se os ânimos. Chega finalmente um autocarro mas....oh!! pára no fim da bicha (200 metros mais abaixo) e começa a meter pessoal à balda.
Aquecem os ânimos outra vez. Começámos a protestar mas lá atrás não estavam nem ralados. O autocarro arranca e nós andámos para o meio da estrada, fechando a saída. O autocarro pára e começa a confusão... o motorista abre a janelinha e diz:
- “Eu apanho quem quero e onde quero e caluda, ó mulheres! (era para as que estavam lá dentro ou cá fora ?) . Toca a andar!”

Terceira asneira (esta foi só dele) O autocarro não sai, as que lá iam dentro começam aos insultos e aos gestos, muito valentonas com as portas e janelas fechadas, claro! Cá fora com civismo e firmeza. ninguém arredava pé. Fomos mimoseadas e epítetadas com tudo de mais vernáculo que a língua portuguesa tem. Com mais ou menos calma, chamamos a polícia.

Os autocarros das carreiras dos subúrbios também não conseguem sair e começam a buzinar com raiva. Um motorista mete a cabeça de fora e grita:
- "ó tiazinhas, vão para casa coser meias!! eu estou a trabalhar e não consigo passar!.
O mulherio responde:- "se tem pressa, faça marcha atrás e contorne, que abrimos passagem!! ".
- - "Bando de malucas, precisam é de uma carga de porrada".- - - "òh homem, não se meta, se tem pressa vá andando!!".
- - "Bando de galinhas!! ",
- - "Cocorocó"! - ...e por aí fora.... Juntam-se os mirones habituais, cada vez mais gente e...chegam 4 carros de polícia, com grande aparato. As da bicha aplaudem, as do autocarro borram-se.

O primeiro polícia a sair ficou logo com os tímpanos furados. Elege-se uma comissão de cada um dos lados, tudo na maior confusão. Sai do autocarro uma lambisgóia a dizer que era amiga dos jogadores e tinha que sair já. Assobios e gargalhadas. A dita cuja volta para dentro derrotada e sai uma padeira de aljubarrota, com barrigona e bigode a condizer, a mostrar um crachá.
A comissão das apeadas diz:-“Olha, olha, andam a distribuir disso ali na esquina... as filas são para se respeitar!”

A padeira de aljubarrota fica sem argumento e retira-se ferida na sua esperteza saloia. Fecha-se a porta do autocarro. Nova ronda de gestos feios das motorizadas. As apeadas fazem queixa, os polícias vão lá dentro ralhar. Mandam o motorista manter a porta fechada, o motor desligado e as janelas fechadas.

Passa mais uma hora e meia. Lá dentro abanam-se furiosamente.
Abre-se a porta do autocarro. Já desgrenhadas, despenteadas e a suar por todos os cantos, decidem que podem levar mais 10 apeadas. Ninguém aceita. Apupos. De novo gestos feios e narizes esborrachados no vidro. Lá vai a polícia outra vez mandá-las estar quietas...

Contudo, cá fora ninguém deu pelo tempo passar. Aquela hora e meia passou veloz. Foi divertidíssimo, o máximo. Só faltaram as farturas!

Chega finalmente um autocarro mas ninguém entra sem a polícia se comprometer que não deixa sair o outro. Entramos por fim, sob aplausos da bicha (cada vez maior!) e tomas e "big fingers" do autocarro . A polícia vai lá outra vez...

Uma da tarde. Arrancamos. Trânsito infernal, mais bichas. Fomos ultrapassadas pelas arruaceiras. Festival de gestos. Chegámos quase às duas da tarde.

Capítulo III - APERTÕES, APALPÕES E DESMAIOS (NÃO NECESSÁRIAMENTE POR ESTA ORDEM)
Subida a pé quase desde a marginal até ao estádio. Pelo caminho assa-se bifanas e há cerveja a rodos, vendedores quanto baste, apitos, cachecóis e bandeirinhas. Uma multidão gigantesca.. O site dizia que às 11 da matina abriam as portas mas tal só aconteceu à uma da tarde.

Uma voz masculina num altifalante diz para se aglomerarem à direita, ao pé do arbusto (qual? eram tantos...). Não conseguimos encontrar as outras amigas e separámo-nos das conhecidas de Peniche, as tais de um metro e setenta. Fomos andando e antes de darmos por isso, estávamos envolvidas numa multidão na entrada errada (a voz do altifalante dizia que era à direita, mas dele... portanto à esquerda da multidão...). Quarta asneira.

No meio daquele mar de gente, fomos apanhadas por uma excursão de muitos autocarros de Vila Nova da Não-Sei-das-Quantas composta por mulheres já desorientadas a berrar:
-"Ó Cremilde! ", “Ó Cremilde, onde te enfiaste, mulher ?!!” (a dita, pelos vistos, tinha-se posto ao fresco com o farnel) e
- "Ai Valha-me Nossa Senhora, Ó Lurdinhas!", “Lurdíiinhas!!” (esta devia ser a que tinha fugido com as bebidas)
Foi a confusão total. Empurrões, falta de ar, homens pelo meio aos apalpões, a Sandra a mandar tirar a "maõzinha", eu a bufar, o Scolari a pedir para levantarem os braços e a multidão sem ter espaço para dar um arroto.

Depois de muitíssimo bem espremidas, conseguimos finalmente entrar no estádio, onde vi pela primeira vez um elemento da organização. Reportámos a falta dela. Cara pesarosa mas encolher de ombros. Não esperavam tanta gente....( no comments!)

Estávamos a dez metros da bancada mas já não se conseguia passar. Esperámos junto às ambulâncias. Passado pouco tempo, já nem ali se conseguia estar. Desmaios eram mais que muitos, sempre sob um sol abrasador e sem água. Os bombeiros estavam desorientados, a polícia também. Parecia uma cena do "Benny Hill": os bombeiros, para passarem de um lado para o outro da ambulância, tinham de entrar por uma porta e sair pela outra, sempre aos berros, com uma maca semi-aberta e cada um a puxar para um lado diferente.. As pessoas que desmaiavam saíam por cima das cabeças da multidão e eram levadas em braços para trás de uma sebe, à sombra. Resta saber quem estava atrás dela...espero que alguém credenciado, mas depois de tudo o que ví, já não digo nada!

A polícia mandou-nos sair dali para tentar criar finalmente um corredor de emergência. De facto, queríamos sair dali e do estádio e que a bandeira fosse para um dos muitos sítios para onde nos tinham mandado logo de manhã.... Nova dificuldade: Sair. Quinta asneira.
Portões fechados e outra imensa multidão cá fora a querer entrar. Com a ajuda da polícia, lá conseguimos escapulir-nos por uma brecha, onde já estava um bêbado furioso a tentar entrar por cima das grades, com um - "f....! com tanta mulher lá dentro e não deixam entrar um gajo! hics!!".

Levou para trás, pois então, que a polícia já estava a subir pelas paredes, assim como todos/todas nós.

Capítulo IV - O ASSÉDIO
Mal fugimos da confusão, sentámo-nos na estrada à sombra, a beber um Capuccino gelado e a dar descanso às pernas. Sexta asneira. Não se podia estar ali. Desde chulos, “maõzinhas”, larápios, cromos e tarados, havia de tudo.

Por uma coincidência enorme, encontrámos as duas conhecidas de Peniche, esbaforidas. Uma delas tinha acabado de esmurrar um bêbado, que se tinha atracado sem cerimónia às glândulas mamárias da moçoila. Não se esqueçam que cá fora havia muita bebida fresca... e muita frustração por ficar de fora.A esta altura do campeonato, já estávamos quase a perder a compostura. Descemos a estrada sempre rosnar “olha que levas um murro nos cornos!" e decidimos que o melhor era NÃO esperar pelo autocarro de regresso, senão íamos ter um resto de tarde igualmente memorável...

Capítulo V e último - PEIXEIRADA II
Fomos a pé até à marginal apanhar o comboio; só queríamos sair dali. Sétima asneira.
Chegámos à estação de comboios da Cruz Quebrada e.... surpresa das surpresas: rebenta outra peixeirada entre as vendedoras e os vendedores, que se tinham colocado nos sítios estratégicos e não deixaram que os outros "se estreassem".

Depois de muita gritaria e palavrões que fariam corar as arruaceiras do autocarro, lá chegou o comboio para regressarmos a casa. Foi um curso acelerado do mais puro vernáculo português, com umas variantes que eu ainda nunca tinha ouvido...

O regresso a casa foi uma volta ao mundo até chegar ao carro em Entrecampos. Caso estivéssemos esquecidas ou distraídas, vimos como este Portugal é ainda tão, tão profundo....falta de organização, mau planeamento, ausência de informação, caos, falta de civismo, bebedeiras, falta de respeito, má-criação, chico-espertismo, em suma, tudo o que parece fazer parte da nossa nobre pátria e que não nos larga por nada deste mundo. Contudo, na televisão foi tudo muito bonito.

Cansadas ? SIM! Imensamente, pela espera, calor, empurrões e espremidelas.
Stressadas ou Chateadas ? NÃO, garantidamente. Num só dia, tivemos o privilégio de fazer quinhentas mil coisas que jamais nos passariam pela cabeça em toda uma vida, muito menos de manhã quando nos levantámos....

Senão, vejam:
cortámos uma estrada, parámos um autocarro, respondemos sarcasticamente com “cócorocós”, levámos um ralhete da polícia, apresentaram-nos desculpas, apoiaram-nos, rimos à gargalhada com as peixeiradas sem perder a compostura, saímos em ovação, socorremos desmaiadas, e, finalmente, ainda arregaçámos as mangas prontas para dar pancada aos bêbados e tarados.
Ora digam lá, se se pode almejar tanto num só dia ??

2006/05/23

só como amigo

Até hoje pensava que a pior frase que podia ouvir de uma rapariga era:
"Temos que falar...".
Mas não! A pior frase de todas é:
"Eu também gosto de ti... mas como amigo."
Isto significa que para ela tu és o mais simpático do Mundo, aquele que melhor a compreende, o mais dedicado... mas nunca vai sair contigo.Vai sair com um gajo nojento que apenas quer ir para a cama com ela. Aí sim, quando o outro lhe fizer alguma das dele, ela chamar-te-á para te pedir conselhos.
É como se fosses a uma entrevista de trabalho e te dissessem:
"Você é a pessoa ideal para o posto, tem o melhor currículo, e o que está melhor preparado, mas não vamos contratá-lo. Vamos contratar um incompetente.Só lhe pedimos uma coisa, quando esse gajo fizer asneira, podemos chamá-lo para nos tirar da embrulhada em que ele nos meteu?".
Eu pergunto: o que é que fiz mal? Fomos ao cinema, rimo-nos, passámos horas em cafés... e depois de quantos cafés ficamos amigos de verdade?Depois de cinco? Seis? Com um café menos e tinha ido para a cama com ela!!
Para as mulheres, um amigo rege-se pelas mesmas normas de um Tampax: podem ir para a piscina com ele; podem montar a cavalo, dançar..., mas, a única coisa que não podem fazer com ele é ter relacões sexuais. Ainda por cima, bem vistas as coisas... se para uma mulher considerar-te "seu amigo" consiste em arruinar a tua vida sexual, o que fará ela com os inimigos? A mim parece-me muito bem que sejamos amigos, o que não percebo é porque é que não podemos "ir para a cama como amigos". Eu penso que a amizade entre homens e mulheres não existe, porque se existisse saber-se-ia. O que aconteçe é que quando ela te diz que gosta de ti como amigo, para ela significa isso e ponto. Mas para ti não. Para ti quer dizer que se numa noite estão na praia , ela já com uns copos, está lua cheia, os planetas estão alinhados e um meteorito ameaça a Terra... podias muito bem ir para a cama com ela!!
Por isso engoles... Por isso nunca perdes a esperança. Ela sai com o Joe? Isso vai acabar. E quando isso acontecer, tu atacas com a técnica de consolador:
"Não chores, o Joe era um chulo. Tu mereçes muito melhor, alguém que te compreenda, alguém que esteja no sítio certo quando tu precisas, que seja baixito, que seja moreno, que não seja muito bonito, que se chame John... COMO EU!!".
Pelo menos, sendo amigo podes meter nojo para eliminar concorrência. É a técnica da "lagarta nojenta".
Quando ela te diz:
- Que simpático é o Paul, não é?
- O Paul? É muito simpático... só é pena ser um pouco estrábico.
- Ele não é estrábico, o que tem é um olhar muito ternurento.
- Sim, tens razão. No outro dia reparei nisso quando olhava para a Marta.
- Não estava a olhar para a Marta, estava a olhar para mim!
- Vês como é estrábico?
O cúmulo dos cúmulos é o facto dela considerar ter uma relação "super especial" contigo quando pode dormir na mesma cama sem que se passe nada. COMO É QUE É??!! Então o "super especial" não seria que se passasse algo?!Um dia depois de uma festa, tu ficas a ajudá-la a limpar, como fazes SEMPRE, e quando acabam ela diz:
- UH! Que tarde. Porque é que não ficas cá a dormir?
- E onde é que durmo?
- Na minha cama.
Aí, até te tremem as pernas. "Esta é a minha noite, alinharam-se os planetas!". Passados uns minutos, dás-te conta que não são precisamente os planetas que se alinharam, porque ela, como são amigos, com toda a confiança fica em roupa interior e tu, pelo que vês, pensas: "Vou ter que ficar de boxers. Com todo o alinhamento de planetas que tenho em cima...". É, assim que te metes na cama, dobras os joelhos para dissimular. Ela mete-se na cama, dá-te uma palmada no rabo e diz-te "Até amanhã". E põe-se a dormir!
"COMO É QUE É??!! Como é que se pode pôr no ronco tão cedo? Esta fulana não reza nem nada?"Estás na cama com a rapariga dos teus sonhos. No início nem te atreves a mexer, para não tocar em nada. Sabes que se nesse momento fizessem um concurso, ninguém te podia ganhar: és o gajo mais quente do Mundo. E como é longa a noite!...
Vem-te á cabeça um monte de perguntas: "Tocar uma mama com o ombro será de mau amigo? E se é a mama que toca em mim?" Mas depois de muitas horas, já só fazes uma pergunta: "SEREI REALMENTE UM MANSO?!" Não podes acreditar que estás na mesma cama e não se vai passar nada. Confias que, a qualquer altura, ela vai dar a volta e dizer "Anda lorpa, que já sofreste bastante. Possui-me!" Mas não. Para as mulheres parece que nunca sofremos o suficiente. E como sofres... Porque tens todo o sangue do corpo acumulado no mesmo sítio. Já houve mesmo casos de homens que rebentaram.Mas ainda não acabou a tua humilhação. Às 7 da manhã tocam à campaínha:
- AH! É o Joe!
- O Joe? Mas ele não te tinha deixado?
- Depois conto-te tudo. Estou com pressa. Esqueci-me de te dizer que o Joe ia trazer o cão. Como vamos á praia eu disse-lhe que ficando contigo o cão não podia estar em melhores mãos.
Porque tu és um amigo! UH?!Estás com má cara. Dormiste bem?E aí ficas tu com o cão, que esse sim é o melho amigo do Homem.
(Jerry Seinfeld)

2006/05/18

a arte de bem falar português

Contam, que certa vez ao chegar a casa, o Dr. Francisco Louçã ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar os seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com os seus amados patos, gritou-lhe assim:

- Oh, bucéfalo anácroto! Não te interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo acto vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa: Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência do que o vulgo denomina por nada.

E o ladrão, confuso, pergunta:
- Doutor, é para levar os patos ou para deixá-los aqui?

2006/05/17

10 Regras a aplicar pelos pais

1ª Comecem cedo a dar ao vosso filho tudo o que ele quer. Assim ele convencer-se-á, quando crescer, de que o mundo tem obrigação de satisfazer todos os seus caprichos.

2ª Se, enquanto pequeno, o vosso filho utilizar expressões grosseiras, achem-lhe graça. Isso fará com que ele se convença de que é espirituoso e levá-lo-á a refinar a sua linguagem ordinária.

3ª Não lhe dêem educação de qualquer tipo nem lhe inculquem princípios morais. Esperem pela sua maioridade para que, feitos os 18 anos, seja ele a fazer pessoalmente a sua escolha.

4ª Evitem recriminá-lo, para que ele não crie um complexo de culpa. Estes complexos, como toda a gente sabe, não deixam que as crianças desenvolvam a sua personalidade.

5ª Façam sempre tudo aquilo que devia ser o vosso filho a fazer. Arrumem as suas coisas e apanhem o que ele deitar para o chão. Desta maneira se habituará a empurrar para os outros as suas responsabilidades.

6ª Deixem que o vosso filho leia tudo o que lhe vá parar às mãos. Tenham o maior cuidado em esterilizar os talheres, os pratos e os copos, mas deixem que o seu espírito se alimente de imundices.

7ª Discutam e zanguem-se em frente dele. Isso é muito útil para que ele se convença de que a família é uma instituição nociva e de que não deve qualquer respeito aos seus pais.

8ª Dêem-lhe todo o dinheiro que ele quiser. Evitem que ele o ganhe com o seu trabalho ou através do seu comportamento. Tem tempo. Deixem-no ser feliz enquanto é jovem.

9ª Satisfaçam todas as suas exigências ou caprichos, no que se refere a alimentação, vestuário e conforto, a fim de que o vosso filho não possa nunca sentir-se frustrado. As frustrações, como se sabe, não permitem que a personalidade se revele e torna as pessoas mais infelizes.

10ª Defendam sempre o vosso filho! Dos seus amigos, dos vizinhos, dos professores e até - principalmente - da polícia. É tudo gente desprezível que apenas pretende embirrar com ele...

2006/05/16

Para os nascidos antes de 1986

De acordo com os reguladores e burocratas de hoje, todos nós que nascemos nos anos 60, 70 e princípio de 80 não devíamos ter sobrevivido até hoje, porque:
- As nossas caminhas de bebé eram pintadas com cores bonitas em tinta à base de chumbo que nós muitas vezes lambíamos e mordíamos.
- Não tínhamos frascos de medicamento com tampas "á prova de crianças" ou fechos nos armários e podíamos brincar com as panelas.
- Quando andávamos de bicicleta, não usávamos capacetes.
- Quando éramos pequenos viajávamos em carros sem cintos e airbags - viajar á frente era um bónus.
- Bebíamos água da mangueira do jardim e não da garrafa e sabia bem.
-Comíamos batatas fritas, pão com manteiga e bebíamos gasosa com açúcar, mas nunca engordávamos porque estávamos sempre a brincar lá fora.
- Partilhávamos garrafas e copos com os amigos e nunca morremos disso.
- Passávamos horas a fazer carrinhos de rolamentos e depois andávamos a grande velocidade pelo monte abaixo, para só depois nos lembrarmos que esquecemos de montar uns travões. Depois de acabarmos num silvado aprendíamos.
- Saíamos de casa de manhã e brincávamos o dia todo, desde que estivéssemos em casa antes de escurecer.
- Estávamos incontactáveis e ninguém se importava com isso.
- Não tínhamos Play Station, X Box.
- Nada de 40 canais de televisão, filmes de vídeo, home cinema, telemóveis, computadores, DVD, Chat na Internet. Tínhamos amigos - se os quiséssemos encontrar íamos á rua.
- Jogávamos ao elástico e á barra e a bola até doía!
- Caíamos das arvores, cortávamo-nos, e até partíamos ossos mas sempre sem processos em tribunal.
- Havia lutas com punhos mas sem sermos processados.
- Batíamos ás portas de vizinhos e fugíamos e tínhamos mesmo medo de sermos apanhados.
- Íamos a pé para casa dos amigos. Acreditem ou não íamos a pé para a escola; não esperávamos que a mamã ou o papá nos levassem.
- Criávamos jogos com paus e bolas. Se infringíssemos a lei era impensável os nossos pais nos safarem, eles estavam do lado da lei.
Esta geração produziu os melhores inventores e desenrascados de sempre. Os últimos 50 anos têm sido uma explosão de inovação e ideias novas. Tínhamos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade e aprendemos a lidar com tudo.
És um deles?
Parabéns!
Esta mensagem é para todos que tiveram a sorte de crescer como verdadeiras crianças, antes dos advogados e governos regularem as nossas vidas, "para nosso bem". Para todos os outros que não têm idade suficiente pensei que gostassem de ler acerca de nós.
Isto meus amigos é surpreendentemente medonho ... e talvez ponha um sorriso nos vossos lábios:

A maioria dos estudantes que estão nas universidades hoje nasceram em 1986...chamam-se jovens.
Nunca ouviram "we are the world" e "uptown girl".
Nunca ouviram falar de Rick Astley, Banarama ou Belinda Carlisle. Para eles sempre houve uma Alemanha e um Vietname. A SIDA sempre existiu. Os CD's sempre existiram. O Michael Jackson sempre foi branco. Para eles o John Travolta sempre foi redondo e não conseguem imaginar que aquele gordo fosse um dia deus da dança. Acreditam que Missão impossível e Anjos de Charlie são filmes do ano passado. Não conseguem imaginar a vida sem computadores nem sequer acham plausível que algum dia tivesse havido televisão a preto e branco.

golpe e contra-golpe

Um pai entrou no quarto da sua filha e encontrou uma carta sobre a cama que dizia o seguinte:

Queridos pais,
Com muita pena vos digo que fugi com o meu noivo, encontrei o amor da minha vida. Estou absolutamente fascinada com os seus piercings, cicatrizes e tatuagens.
Mas não é só, estou grávida de gémeos.
Aprendi também que a Marijuana e a Cocaína não fazem mal a ninguém.
Só rezo para que a Ciência encontre a cura da Sida, o Joaquim merece.
Não se preocupem com o dinheiro, o Joaquim conseguiu que eu entrasse em filmes com outros amigos, posso ganhar € 50,00 á hora, se for com mais de três homens são € 200,00, e se entrar o Pastor Alemão do Joaquim são € 300,00.

Não te preocupes mãe. Já tenho 15 anos e sei cuidar de mim mesma.

Com muito carinho, a vossa querida filha.

Ps : Pai, é uma brincadeira, estou a ver televisão na casa da vizinha, só queria mostra-te que há coisas piores na vida que as minhas notas"

Resposta do pai:
Dei a carta a ler à tua mãe, teve um AVC e foi internada de urgência, está entre a vida e a morte. Por causa disso e a conselho dos advogados foste retirada do testamento.
Todas as coisas do teu quarto foram doadas e também mudàmos a fechadura da nossa casa.
Não tentes fazer pagamentos por multibanco, porque a Conta foi cancelada.
Demos também baixa do teu telemóvel.
Demos também a tua colecção de CDs ao anormal do 5º andar. Podes começar também a pensar em trabalhar, com a tua idade e com esse corpinho estou certo que trabalho não vai faltar, apesar da concorrência das brasileiras.

Enfim, espero que sejas muito feliz na tua nova vida.

PS : Filha querida , claro que é tudo uma brincadeira, a tua mãe está aqui comigo a ver a novela.Só queríamos mostrar-te que há coisas bem piores que passares as próximas 3 semanas sem sair de casa, sem ir á Internet e sem ver televisão por causa das tuas notas e da tua brincadeira de merda...

2006/05/11

uma questão de sotaque

Uma zebrinha pergunta à mãe:

- Mãe eu sou uma zebra branca com listas pretas ou preta com listas brancas?
- Oh filha não sei. Vai perguntar ao leão que ele é o rei da selva, deve saber.

A zebra vai ter com o leão e pergunta:
- Rei Leão, sou uma zebra branca com listas pretas ou preta com listas brancas?
- Não sei, vai ter com o mocho, que ele é sábio e deve saber.

E a zebra lá vai ter com o mocho. Chega ao pé do mocho e pergunta:
- Mocho, a minha mãe não sabe, o leão também não... Afinal eu sou uma zebra branca com listas pretas ou preta com listas brancas?

Responde o mocho, com toda a sua sabedoria:
- Claro que tu és uma zebra branca com listas pretas.
- Então porquê, mocho?
- Porque se fosses preta com listas brancas tu dizias:

"Esmocho escamarada, mim ser uma eszebra esbranca com eslista espreeta ou uma eszebra espreeta com eslista braaaaanca?"

2006/05/08

alentejanisses

Três amigos alentejanos a esgrimirem as suas qualidades:

- Ê so tão preguiçoso que no outro dia, vi uns maços de notas no chão, e não os apanhê p'rá nã ter que m'agachari.

Prossegue um outro:

- Isso nã é nada. A minha vizinha super-sexy tocou-me à porta, a convidar-me para ir passar a noite à casa dela e eu recusei p'ra nã ter que atravessar a rua.

E o terceiro:

- Pois o mê caso foi piori. No domingo fui ao cinema e passei o filme todo a chorari.
- Só isso? - comentaram os outros.
- É que ao sentar-me, entalê os tomates e não estive p'ra me levantari!