2006/01/13

L'État c'est Soares?

Mário Soares levou para uma caixa-forte, do tamanho de uma sala, de porta blindada e pega rotativa, na Casa-Museu João Soares - hiperbolicamente designado de "galeria de ofertas" - , uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da República Portuguesa, durante os seus mandatos, entre os quais se incluem jóias e outras peças de gabarito, que alguns visitantes de confiança já viram e de que, numa pequena parte, o sítio da Casa permite entrever.

Ora, uma coisa são as ofertas pessoais ao cidadão Mário Alberto Nobre Lopes Soares e a sua esposa Maria de Jesus Simões Barroso; outra coisa, de natureza moral e jurídica diversa, as ofertas oficiais ao órgão de soberania Presidente da República.

Algumas questões claras:
1. É legal que Mário Soares fique na posse das ofertas oficiais que foram feitas ao Presidente da República Portuguesa, nessa qualidade institucional e não ao cidadão?
2. Não são essas peças oferecidas oficialmente ao Presidente da República propriedade do Estado?
3. Não deviam estas peças estar no Museu da Presidência da República como estão as dos seus antecessores e também de Jorge Sampaio?
4. E se esse comportamento for legal, é ético?
5. E se for ético, é moral?

Há em Mário Soares uma associação promíscua, absolutista e anti-democrática, da sua pessoa e do Estado . Essa promiscuidade, como se de um Presidente-Sol se tratasse, tem como exemplos, além deste que hoje torno público, alguns negócios da sua Fundação com o Estado - o arrendamento pelo Estado de um gabinete na sua Fundação para um escritório do ex-Presidente da República... Mário Soares; o subsídio de 500 mil contos do Governo Guterres para a instalação da Fundação, num prédio cedido pela Câmara Municipal de Lisboa que lhe foi arranjado pelo seu filho João, na altura vereador da capital ; o protocolo por 10 anos (celebrado em 1995) de subvenção da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o filho era vereador da Cultura ; além de outros subsídios controversos - e até o policiamento permanente (24 horas por dia) das suas várias casas (Campo Grande, Nafarros , Vau) pela PSP.

Eu acrescentaria aqui ainda o seguinte comentário:

Fundações é o que está a dar.
E a moda também pegou em Macau, pela mão dos socialistas maçons: a fundação Oriente.
Antes (caso Cupertino Miranda e Calouste Gulbenkian) as pessoas morriam e deixavam riqueza (cultural, monetária, etc...) para os outros que cá ficavam.

Agora o Soares, o amigo Joe Berardo e outros fazem diferente: criam fundações para manter coisas mais ou menos no uso privado e com a grande vantagem de receberem fundos públicos para as manter. E ainda com a grande vantagem de não pagarem impostos sobre essa riqueza e poderem infiltrar aí capitais mais ou menos limpos.
É o que se queira...
Não se pode é dizer, como se fazia no antigamente, que é a bem da Nação...
(artº redigido por Rogério Martins)