2006/06/09

a culpa é do remador

Lê-se numa crónica que no ano de 97 se celebrou uma competição de remo entre duas equipas, uma composta por trabalhadores de uma empresa portuguesa e a outra pelos seus congéneres japoneses. Dada a partida e os remadores japoneses começaram a destacar-se desde o primeiro instante. Chegaram à meta primeiro e a equipa portuguesa chegou com uma hora de atraso. De regresso a casa, a Direcção reuniu-se para analisar as causas de tão desastrosa actuação e chegaram à seguinte conclusão: Detectou-se que na equipa japonesa havia um chefe de equipa e dez remadores, enquanto que na equipa portuguesa havia um remador e dez chefes de serviço, facto que seria alterado no ano seguinte.

No ano de 98 e após ser dada a partida, rapidamente a equipa japonesa começou a ganhar vantagem desde a primeira remadela. Desta vez a equipa portuguesa chegou com duas horas de atraso. A direcção voltou a reunir após forte reprimenda da Gerência e viram que na equipa japonesa havia um chefe de equipa e dez remadores, enquanto que a portuguesa, após as eficazes medidas adoptadas com o fracasso do ano anterior, era composta por um chefe de serviço, dois assessores da Gerência, sete chefes de secção e um remador. Após minuciosa análise, chegou-se à seguinte conclusão: O remador é um incompetente.

No ano de 99, como não podia deixar de ser, a equipa japonesa adiantou-se mal foi dada a partida. A embarcação portuguesa, que este ano tinha sido encomendada ao departamento de novas tecnologias, chegou com quatro horas de atraso. Após a regata, e para avaliar os resultados, celebrou-se uma reunião ao mais alto nível no piso superior do edifício, chegando-se à seguinte conclusão: Este ano a equipa japonesa optou novamente por um chefe de equipa e dez remadores. A equipa portuguesa, após uma auditoria externa e um assessoramento especial do departamento de informática, optou por uma formação mais vanguardista, composta por um chefe de serviço, três chefes de secção, dois auditores da Consultores & Associados e quatro seguranças que controlavam a actividade do remador, ao qual se tinha aberto um processo disciplinar e retirado todos os bónus e incentivos devido aos fracassos dos anos anteriores.

Após prolongadas reuniões, decidiu-se que para a regata de 2000 outro remador seria contratado, já que se notou que a partir do vigésimo quinto quilómetro o actual remador mostrava algum desinteresse, que atingia a indiferença na linha da meta.

1 Comments:

Blogger Miguel Quintas said...

Tem por acaso o powerpoint desta cronica? obrigado!

5:00 da manhã  

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